Antes que à morte me acorde
Antes que à morte me acorde! Assombrado diariamente com o para-sempre voltei-me atropelado para o passado num desejo incabível de não o largar. Não que este tivesse sido feliz e amigável, mas, a risonha incerteza da qual se veste o futuro e a estéril felicidade do presente, fazem-me despir a coragem que amamentam a alegria de me aconchegar. Antes que a morte me acorde! Recorro ao passado distante para viver ainda que em forma de penumbra o sorriso inocente de um príncipe e a autodeterminação de um povo, envolto a sua realeza. Um tempo em que a formosura dos rostos não sucumbiam face a tristeza ou face a amargura da alma imposta pela violência descabida. Um tempo em que o amor e a compaixão pelo corpo negro não se curvava pelas selfes da alma sem comoção. Antes que a morte me acorde! Como osso entre os dentes de um recém-nascido, assim, confundes-me entre beijos e zumbidos como quem lambe com navalhas a pele que parece acariciar....