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Mostrando postagens de junho, 2018

A PORTA

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Levantou-se e em direção à porta meus desejos caminhavam, fitava seus olhos em mim, e fugaz à porta segurava. Implorei, e derramei todo meu ser em súplicas, foram inúteis as minhas petições.  Assisti a matança de tudo o que um dia me fez viver. O meu colo se fez matadouro e aos ares iam-se juntas e medula, no chão, apenas sangue do que já foi ternura. Bateu a porta com a força de Zeus, sem se importar de quebrar o que era seu. Apavorei-me com a frieza do que já me aqueceu, pois sua brandura há muito já morreu. Conservei-me ao silêncio e tranquilamente me sentei, e aceitei que aquela guerra a outro guerreiro pertencia. Inesperadamente, vi repousar seus braços em mim, envergonhado com tamanha sujeira recusei seu consolo e muito menos seu colo. Sua aparência era formidável e desviava atenção da minha dor, vaidade embainhada no odor, não contaminava sua pureza.  Contei-lhe do ocorrido, e inocentei-me do que havia cometido, seu jeito seguro conhecia bem quem culpa

O ENIGMÁTICO!

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Naquela tarde eu estava cansado e desesperado. Ofereci aos meus poucos momentos de lucidez o som do meu desespero e insultos do meu fracasso. O copo estava vazio, e nele a última gota de culpa, eu estava disposto a beber e ali adormecer. Revisei a página de tudo quanto antes, eu havia me engajado em escrever com a pouca sorte que me sobejou. Para a minha surpresa tudo aquilo era o começo de uma historia que o fim foi arrancado e escrito algures. Foi quando o Homem enigmático chegou! Neste instante, os lemes que mapeavam sua chata já estavam fracos e fazia dos pés a âncora que mal dirigia o barco, por isso tinha os chinelos gastos e lambidos com a poeira e migalhas de quem tem a barriga cheia e as mãos nos bolsos saudando a própria arrogância.  Poderia descrever-te mais sobre a sua aparência, mas sei que você e eu não teríamos tempo para idiotices como essas, seria apenas mais um motivo para uma selfie ao pão mordido que estenderíamos, e acréscimo aos likes no Twitter e o resto

APRENDENDO A VOAR

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Por mais um pouco, e só um pouco, insistirei nesta imbecilidade. Por mais um pouco, e só um pouco, deixe que se riam os pássaros das notas desafinadas que minha estupidez soca ao ar, desafiando o seu canto. Por mais um pouco, e só um pouco, Que se riam as águas por ser minha lucidez mais confusa que elas em pleno tufão, por mais um pouco e só um pouco, Deixe que a terra zombe da minha segurança que é mais trêmula que um vulcão sacudindo as placas tectônicas, deixando os rostos atônicos. Por mais um bocado, estarei deitada  nesta agulha secando o prazer em fagulhas por mais um bocado, o sol assusta-se ao me ver brilhando com as trevas do meu desabafo, bem antes que seus raios estiquem os braços. por mais um bocado, Cuspo nossos momentos enquanto teu nome passea-me pela mente, lavo meu rosto com o vento de todo desgosto. Tenho os dedos em calos de tantos rabiscos que a ti não enviei, e se este também não chegar, certamente escolhi descartar. Teus olhos escondem um retr

DILEMAS DE UM AFRICANO SONHADOR!

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Oh minha querida África, dia e noite tento me doar a ti com pensamentos soltos, voando nas mais altas caladas noturnas, pelos sussurros jamais compreendidos, muito menos ouvidos. Os dias se perpetuam num verdadeiro antagonismo do ser, no qual de um lado se encontra o corpo querendo dar vazão suas vaidades, e de ti esquecer-se; do outro a alma gritante em busca da sua ontologia na esperança de achar em si sua mais alta essência, sentido e significado.  Uma briga gigantesca dando razão ao eterno sábio Sócrates no qual refletia ser o corpo a prisão da alma. Mesmo carregando esse dilema, fiz de meu corpo minha maior arma, e de minha alma a bala que municia meu corpo. Desta forma tornaram-se um, na minha busca por ti. Em busca dos propostos iniciais de  Samora Machel, Amilcar Cabral,  J acaré  B angão disse: basta! Basta, ao apelido Brigão. Assim se fez a África em mim, apelando os ideias de Mohamar  K adaf, Julius Nyerere, Ahmed Sékou Touré, e  K wame Nkrumah rumo a unidade e pa

VIVER A MORRER!

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Por favor agora não! Não me venha ao ouvido com tuas lições,  sobre os erros que não posso apagar; Não lhe peço que me cure as feridas,  só lhe suplico: não arranque esta crosta com o sopro das tuas lições,  sou réu das minhas chagas,  e esta sentença já não consigo suportar. De ti não espero consolo,  então só lhe peço: deixe-me a sombra repousar,  e lentamente desatar as correias das sandálias,  e em silêncio olhar para as feridas,  e perceber com o ardor das lágrimas que nela derramo o porquê não devo neste caminho retornar.  Luto com aquelas imagens que coroam meus sonhos  tornado em pesadelos o que outrora foi um conto.  corro até onde poder em minha imaginação, elevo a força da minha mente, no auge de sua limitação. Fujo querendo no mundo me perder,  como um lunático procuro desfazer-me desta voz  ensurdecedora então me escondo no epicentro de minha alma, almejando freneticamente achar um lugar calmo tranquilo e silencioso.   todavia