NATAL DAS CONTRADIÇÕES
entre trancos e barrancos,
lutas e desavenças,
desesperanças e esperanças,
dificuldades e oportunidades,
esquecidos e lembrados,
ainda assim é Natal.
Alguns como Maria se alegram,
outros como Raquel choram,
mas ainda assim é o Natal.
Sim o menino é motivo de contradição já dizia o sacerdote Simeão.
Alguns o celebram com tristeza talvez movidos pela ausência de seus entes,
outros com alegria talvez motivados pelo verdadeiro sentido do Natal.
Alguns o celebram com a mesa farta,
outros com a barriga fraca
e outros ainda com a mesa em falta,
mas ainda assim é Natal.
Não se sabe quando,
não se sabe como,
nem porquê devemos celebrá-lo,
mas ainda assim o fazemos pois é Natal.
Devo festejar?
Devo me alegrar?
Demostrar minha indiferença?
Ou sua devida reverência?
E se o faço,
Por qual motivo o faço?
E a qual Natal?
Ao Natal do capitalismo?
Ao Natal da burguesia,
ou da hipocrisia?
Do escravocrata
ou do magnata?
Ao Natal dos idólatras
ou dos alienados?
Enfim, fazendo-o ou não, ainda assim é Natal.
Porque, aceitando ou não, um menino nos nasceu,
um filho se nos deu,
e o principado, reinos, nações e tribos
estão sobre os seus ombros,
e o seu nome é:
Maravilhoso,
Conselheiro,
Deus Forte,
Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz.
Trazendo consigo ao mundo a sua luz!
Desta forma o que darei eu ao Senhor nascido?
Devo celebrar olhando para a vida tal como ela é: Vida.
Devo procurar em meio às suas dificuldades, motivos para vivê-la.
Devo buscar razão para alegrar-me em meio a tais catástrofes.
Devo me alegrar não pela condição na qual me encontro,
não pela ausência da qual padeço,
mas porque me nasceu hoje o Salvador, o Libertador.
Nesta senda a alegria se mistura com a dor,
a perda com a saudade
e o Cristo se torna o sentido em meio a falta de sentidos,
o Norte em meio às tempestades do percurso,
o provedor da preservação da fé,
o Emanuel em meio ao mundo cheio de contradições.
Ao festejar-se o Natal há de se ter sempre em mente:
É Natal do Papai Noel,
é Natal das famílias unidas,
é Natal das distribuições de presentes,
ou ainda das viagens adiadas,
das fugidas do emprego e pé na estrada,
galopando até o lugar desejado,
é Natal dos aglomerados,
de multidões em shoppings.
Também é Natal do capitalismo e de sua incansável e letal absolvição dos reais significados das coisas.
É Natal do incansável empregador,
assim como do determinante trabalhador.
Do controverso ateu ou ainda do solvente gnóstico.
É até o Natal do recuperado de doença.
Mas, acima de tudo,
é Natal de Jesus Cristo.
De seu nascimento,
de seu imperativo categórico do amor.
Assim, o Natal tem um autor: Cristo.
Aquele que é o nascido, o crucificado e o Salvador.
O Natal é moldado e estruturado em Cristo.
Com uma base solidificada no princípio do reino de Deus.
Emiliano Jamba
Dezembro 2017
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