O PAPEL DO TEÓLOGO NA SOCIEDADE

Uma das coisas que nemos fazia como teólogo não por negligência ou tão pouco por desinteresse é explorar a mente para a crítica e o pensar teológico diante da sociedade. Contudo é algo que deveria ser feito o tempo todo já que se entende a critica, como um dos papeis fundamentais do teólogo.

Talvez nos encontramos na mesma condição caro leitor, tentando viver a vida da maneira que parece ser a mais “simples” e “fácil” de ser vivida, e menos preocupada com realidade sem criticá-la nem de pensar sobre o modo como a vida se organiza.

Não se trata de uma critica politica, aquela que sai julgando todo mundo, fazendo separação entre o santo e o profano, entre o justo e o impio, entre o bom e o mau, algo que também faz parte nesse processo, mas sim, uma critica, que remete as questões humanas diante da vivencia social, o sistema que faz a vida acontecer e o modo como ela se organiza, que por sua vez podem ou não estar vinculadas a politica interna de uma determinada localidade como forma de organização, segurança, controlo ou ainda expressão social e cultural, é dessa e de outras questões que nos propormos a pensar. E tal pensar, parte de um olhar teológico e não político, afinal é por amor a Deus e ao próximo que o fazemos e não por uma ideologia por mais bela que se apresente.

O que entendemos por crítica teológica e o seu papel na sociedade? Ou ainda será que existe o modo de se pensar a teologia sem o uso da razão critica? De forma resumida pode-se responder que, quanto a primeira pergunta ela (critica teológica) é aquele pensar que surge como renovação, revitalização, e transformação quer do pensar como do viver da igreja e da sociedade.

Sendo a teologia um estudo acerca da pessoa de Deus, ela parte do principio de que existe um Deus. Um Deus que no pensamento Barthiniano Ele é totalmente outro em relação a sua criação, mas que ao mesmo tempo Ele é tao próximo à Ela, contudo sem se confundir com Ela. Assim sendo, não podemos falar de uma teologia que se prese sem o uso da razão critica nem consideração do contexto. São questões como essas entre outras que nos leva a pensar o modo de se fazer teologia. Tal critica surge de um contexto e auxiliada por outras ciências.

Teólogo é aquele que conhece a sociedade. Ou seja, é ela que será seu campo dialogal e teologal. Ele entende que existe um criador preservador, e sustentador de todas as coisas, e por isso seu fazer teológico será produzido em forma de serviço ao próximo em prol do reino de Deus.

A critica teológica aqui refletida se baseia em um pensar autocritico do proceder humano, na forma organizacional e vivencial humana e nas varias teologias existentes. A mesma entende que a teologia não existe para se tornar enclausurada em paredes de templos humanos, mas sim para ser praticada e vivida. Ela vai atrás dos fundamentos teológicos: Amor à Deus e ao próximo e a mor a vida.

Ela é um pensar construtivo acerca do proceder humano bem como o modo do fazer teológico. Para tal usa a zarão critica como uma ferramenta para se pensar a teologia. Este fazer teológico não é trabalho privado, mas sim é obra pública, a ser entregue para outros, e espelhar-se nas relações comunitárias.

É aquela que vai de encontro com a vida. Uma teologia preocupada com a vida, opondo-se as ameaças, recriminações, e destruições da mesma. Assim, a pergunta que surge aqui é: como o teólogo angolano poderia se comportar face a negação da vida verificada no contexto angolano?   

Somos chamados a valorizar de verdade a vida, mas do que negligencia-la, o papel da teologia resulta em vida e na valorização dela. Ou seja, em uma promoção e sustentação da vida. Nossa salvação por meio de Cristo é em prol dela para sua revitalização. E isto envolve desenvolver um pensar a partir do nosso contexto vivencial, desde nossos dilemas. E isso implica também rever nosso principio de fé.

Assim, refletir o quanto nossa teologia está ainda parada no "cronos" ou o quanto ela se coloca no caminho como resposta aos dilemas dos dias atuais é uma missão de todo teólogo que faça jus a esse nome.

Conclui-se deste modo que, existe esse papel importante no modo de se pensar a fé e a teologia mediante o uso da razão critica, algo deve ser explorado por todos, ainda que o teólogo/a seja alguém de igreja, Sanches em seu livro  Teologia Viva escreve que “ O teólogo é um homem de igreja mais ele vive também mergulhado em uma sociedade atravessada por interesses e conflitos. Sua produção teológica é condicionada por essa sociedade e busca dar respostas mediante os problemas que nela enfrenta.” (2013, P. 14). Dai surge então a preocupação do uso da crítica mediante o contexto experimentado. É a partir deste contesto que o teólogo se propõem a pensar a sua realidade e isso se configurará no modo do fazer teológico como parte inicial de sua elaboração teológica. Só desta feita a teologia e o teólogo será relevante na sociedade tendo um papel proactivo e não de passividade para o reino de Deus.

                                                                                            By Carlos Sampaio & Emiliano João