ANTES QUE A MORTE ME ACORDE!

Assombrada com o para-sempre voltei-me atropelada para o passado num desejo incabível de não o largar.
Não que este tivesse sido feliz e amigável, mas, a risonha incerteza da qual se veste o futuro e a estéril felicidade em seus abraços, fazem-me despir a coragem que amamentam a alegria de me aconchegar

Antes que a morte me acorde!

como osso entre os dentes de um recém-nascido, assim, confundes-me entre beijos e zumbidos como quem lambe com navalhas a pele que parece acariciar 
As lembranças do que ainda não vivi, afugentam a saudade do que poderei não viver, por isso, antes que eu durma em meu desespero, vou recorrer a arma do poeta e guerrear com as vozes doutro planeta, para dar vida ao que não se pode ouvir, e assim gritarei sem que me possam oprimir

Como pode o vencedor que muito se esmorece em sangue, agora se envergonhar de carregar o troféu? é como se as abelhas depois da árdua labuta, enjoarem-se do mel.

Não há palavras que disfarcem a falência do prazer, e, por mais lento e acarinhado que seja o golpe, o sangue jorra na mesma velocidade, testemunhando o rompimento do matrimónio entre nervos e tecidos 
Mas,
Antes que a morte me acorde,
Preciso esmagar o urso com os desafinansos do meu desabafo.
Com pestanas fechadas, tento despistar os olhares de quem me julga feliz em seu padrão, e, embora meus lábios destilem sorrisos, meus dentes trituram verdades secretas recusadas a qualquer ouvido

Antes que a morte me acorde,
Quero ouvir outra vez o sapatear do meu coração ao deslizar as páginas do que já me fez sonhar.

BY TELMA ALMEIDA

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