PAI É AQUELE QUE MESMO NA AUSÊNCIA SE FAZ PRESENTE.
Pai, hoje é aquele dia que nos disseram que necessariamente tenho de me lembrar de ti. Porém, como lembrar de quem jamais nos esquecemos? e como se esquecer daquele constituinte de tudo que sou? Em cada respirar, em cada conquista inalo sua fragrância, em cada brincadeira, em cada risada vislumbro sua essência, tal como a brisa bate meu rosto, é em sua imagem desfocada pelo tempo que encontro amparo.
Como lembrar de alguém que jamais a memória nos deixa apagar? Em cada lágrima, em cada barreira enfrentada, em cada desafio, em cada suspiro, contemplo em mim a transcendência da sua imagética.
É verdade que partiste muito cedo, nem tempo para um retrato a dois tivemos. Desde os nove tive que aprender a me virar nas provas dos nove. Ressignificar a terminologia pai e enxergar numa mulher a duplicidade: pai / mãe. Prefiro acreditar que ela não foi pai e mãe - afinal pessoas são insubstituíveis - ela foi sim, e ainda o é, uma mulher que encarou o desafio proposto pela vida ao criar sozinha, seus 10 filhos, e com o espírito do Ubuntu/umuntu, o fez com excelência.
Pai, houve tempo que sua ausência física ofuscou a sua presença na ausência. Houve tempo que quis arrancar de mim sua lembrança de maneira a amenizar a dor causada pelas feridas da memória.
No entanto, jamais consegui, pois, quanto mais distante de ti penso me afastar, mais perto, me vejo estar.
Alguns chamarão isso de força vital, outros de ancestralidade, mais, o que importa mesmo é que nem a tragédia da vida, nem a transitoriedade do tempo, conseguiram ofuscar em mim a vitalícidade do ser que me gerou. Pois, quando penso de ti me ter esquecido, a saudade bate tão forte devolvendo-me à quem eu sou.
Sim, de ti sou proveniente, e transcendes em mim perpetuando sua existência. Nas noites mais sombrias são suas palavras ditas em tempos remotos que o Control remoto da memória busca para diluir minha agonia.
Nos titubeios da caminhada são seus sábios conselhos - ditos em tempos não muito distantes- que tem se tornado, tal igual tapinhas nas costas. Me impulsionando à caminhar um passo de cada vez. Mesmo com os temores que surgem de quando em vez.
Nos dias de conquistas são suas profecias outrora ditas, que inundam minha mente materializando-se nas enchorradas de lágrimas emergentes na euforia da alegria, devido ao seu lindo sussurro: muito bem filho meu, eu te disse que conseguirias, tú mereces!
Então meu pai, "Antonino João Calmoso café quente único rapaz afamado neste mundo mas sem dinheiro" tu que à trama da vida, muito cedo te tirou dentre os seus, desejo um feliz dia dos pais! Pois, pai é aquele que mesmo na ausência se faz presente. E tu não somente tens estado presente - apesar de sua ausência física - mas também tens orientado à trajetória de nossas vidas por meio de sua ancestralidade!!!
Com amor, saudades eternas do seu Casula, Emiliano João.
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