REPÚBLICA DAS BANANAS

"O que estamos assistindo neste momento é uma porcaria de república das bananas". Assim descrevia o deputado Norte americano Marke Callgher, aquilo que a comunidade Negra Norte americana à muito denunciava: o terrorismo em forma humana sob custódia/mirada de um Estado permissivo.

No entanto, devo confessar que a expressão "república das bananas" não é novo no meu linguajar, afinal, sou cria de um Estado denominado pelos teóricos de "Estado Biforcado" (Mandani, 1996); "Estado necropolitico" (Mbembe, 2018) ou simplesmente aquilo que o Raper angolano MCK denominou de "o país do pai banana".

Neste tipo de república, a violência/repressão se configura no modus operandi do Estado. Todavia, ela é seletiva, já que dão os pacíficos por violentos (geralmente o corpo Negro (diaspóra negra)/os pobres marginalizados oprimidos/contextos africanos) e os violentos por pacíficos (o corpo extremista branco / a elite) e desta forma aplicam medidas desmedidas para alguns, e desmedidas medidas para outros (Ver. KENDI 2020), é diante desse cenário que podemos nos interrogar: e se os "terroristas" de ontem fossem os manifestantes do Black Lives Matter? E se ao invés de brancos fossem Negros invadindo o capitólio? Que procedimento ocorreria? Voltariam para suas casas e ficariam em paz tal qual pediu Trump após tal ato terrorista desembocar em perdas humanas? Porquê não havia reforço policial sendo que o promotor desta atrocidade (Trump) à muito (e ainda pela manhã do evento) têm apelado para este espetáculo da violência?

Quantos anos de prisão terião? Terião o mesmo tratamento dado pela imprensa? Uma impressa que diante do ridículo escancarado fazia o jogo do morde e assopra trazendo para o cenário da discussão pautas desconexas por meio de comparações do BLM (que lutam por um mundo de igualdade aonde o racismo extrutural não se faz presente) aos extremistas brancos separatistas (que lutam pela perpétuação do racismo estrutural e de um mundo desigual)?

De qualquer forma, ainda que as comparações valem pelo que são: comparações. E ainda que os "e se" valem pelo que são: hipóteses. Neste caso concreto, não cabe trazer à memória "a esquerda extremista" para análisar este episódio, a não ser que queiramos passar pano ao nosso "politicamente correto".

Percebemos assim, que é gritante o discrepante tratamento dado a este evento ao tratamento dado ao evento ocorrido em novembro.

Bem, por agora resta-nos apenas dizer: Que dia histórico foi o de ontem! um dia que traz a confirmação de que as vozes anti-racistas que gritam no deserto estão fazendo efeitos. É o vislumbre do supremassísmo estribuchante chorando pela sua morte se negando descansar em paz em sua urna (caixão) eleitoral; É a confirmação,  a luz das câmaras, de uma violência institucional seletiva da qual alguns meses atrás denúnciavamos; É o ressoar da esperança, de que a supremacia branca esta perdendo redes.

Por fim, é a confirmação de que nos venderam a idéia de uma democracia falida, uma lei e ordem seletiva e uma repressão que para alguns é afago e para outros é o inferno.

By Emiliano João



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