NOVAMENTE 4 DE FEVEREIRO


Novamente 4 de fevereiro!

Novamente luta pelo espírito aventureiro,

Novamente um povo gritando por socorro,

É a revolta do guerrilheiro diante do uivar da carniceira necropolitica;

De novo 4 de fevereiro!

De novo o suspiro pela sobrevivência,

De novo a bala calando à inocência,

De novo a pacificação cedendo à raiva,

De novo o espanto do assombro dando vazão ao horror, mas que terror! 

É o inocêncio clamando ser inocente, é a farda dizendo mato, é o mato cobrindo os inocentes que nele se abrigam, é o policiamento repressivo suprimindo o preventivo. Mas não faz mal, afinal, a polícia não está para dar rebuçados (doces), muito menos para aplicar o princípio da proporcionalidade/razoabilidade dos ditos Estados democráticos, assim eles afirmam ao passo que uns filmam!

Outra vez, a repressão percorre pela "caça as bruxas" 

Outra vez, há quem, nessa Caixa, não se encaixa, 

e, outra vez, o demônio se encarga e para a vida caga, 

Kofeka ya Mama N'gola (na terra da mamã Angola) defeka.

É a banalização da vida em meio a um sistema deturpado, confuso diante do fuso horário da democracia.

Mais uma vez 4 de fevereiro!

Mais uma vez a brutalidade ri impune,

Mais uma vez a opressão espanta à expressividade da liberdade, 

Mais uma vez a violência cataclisa o início de uma insurgência,

Mais uma vez surge à emergência do grito pelo inocente.

É a demanda pela sobrevivência que eleva o espírito da luta!

Repetidamente chega o 4 de fevereiro

Repetidamente o choro diante do sofrimento,

Repetidamente o grito diante da opressão

Repetidamente a fábula do "cágado velho" perante a supressão da liberdade,

É a repetição da democracia utópica!

Novamente, de novo, outra vez, mais uma vez, repetidamente, chega o 4 de fevereiro - início da luta armada de libertação nacional. Outros consideração esta data (mesmo não sendo oficial) dia do herói e heroína nacional.

Uma luta que se perpetua até hoje, um herói e heroína perabulando na busca pelo sentido da vida.

Há quem pense que o fevereiro de 1961 no passado ficou, o 2021 se configura no nosso presente, no entanto, num contexto como o nosso (africano), marcado pela violência e pela insubordinação simbólica - parte indispensável na busca pela efetiva independência e liberdade ontológica do Ser - o passado é presente, o futuro é o resultado do passado que dita o presente (JOÃO, ESTENDAR 2020), caso para dizer com Mbembe (2005) o futuro angolano se encontra "aberto e indeterminado por definição".

Esperamos que tal definição não tarde à chegar, é necessário voltarmos aos fundamentos do que significa a luta por libertação, é a busca pela liberdade, pela resiliência, pela resistência. No entanto, ninguém será completamente livre até que todos o sejam. 

Uma vez que, segundo à constituição angolana, abraçamos a idéia do "Estado Democrático de Direito" precisamos comprender o que tal expressão significa: mediante ao princípio da soberania popular da proteção dos direitos humanos, aquele que cria a lei é obrigado a submeter-se a ela. Em termos práticos, isso significa dizer que Estado Democrático de Direito é aquele em que o poder do Estado (sendo a ação repressiva e preventiva policial dentre eles ou mesmo o poder judiciário) é limitado pelos direitos dos cidadãos. Sua finalidade é protejer os direitos humanos coibindo abusos do aparato estatal para com à sociedade. Os direitos fundamentais conferem autonomia e liberdade aos indivíduos nas suas atividades cotidianas e limitam o poder do Estado sobre elas.

Novamente 4 de fevereiro e que venham tantos outros mais. Já que 4 de fevereiro é o símbolo da resistência, da resiliência, do herói e heroína angolano (a) anônimos ou não. É o movimento de consciência de um povo rumo à tão sonhada nação!!!


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