ANO NOVO, VIDA NOVA? ASSIM ESPERAMOS!
O velho ano esboça os últimos suspiros, exala a última respiração de um ano sofrido, cansado, envelhecido.
Sofrido dos inúmeros egoísmos na corrida dos sonhos por conquistar.
Cansado de ser amaldiçoado por aqueles que nada realizaram.
Envelhecido pelos corridos trezentos e sessenta e seis dias: mesmas promessas e poucas mudanças.
Para alguns, foi um ano alegre, ainda que dentro dos parâmetros do "novo normal";
para outros, triste, afinal não podemos nos esquecer de estarmos vivendo ainda no dito novo normal. Para poucos, célebre, pois mesmo em época de crise - neste caso sanitária - há sempre oportunidades a serem extraídas. Ao passo que para muitos, catastrófico. A nova onda está aí para nos lembrar disto.
2021 se vai, certo de que a nenhum agradou ou desagradou por completo. Mas o que importa? "Nem Cristo a todos agradou" alguns diriam. Verdade mesmo é que foi um ano repleto de tantas surpresas, seja para mal ou para o bem!
Particularmente foi um ano agridoce.
A nível individual, na medida do possível, as metas foram alcançadas.
No âmbito geral 2021 cumpriu o prognóstico do qual se fez dele: vacinas e desafogo ao fatídico 2020.
A nível econômico poucas mudanças,
a nível político, mais do mesmo.
Detenhamos-nos um pouco neste ponto: Meus olhos contemplaram
e meus ouvidos ouviram um ano das extremidades que de certa forma já se arrasta desde 2014: a antiga disputa entre extremistas da esquerda e extremistas da direita afloraram novamente.
Os velhos e típicos debates sobre a melhor forma de governo, a eficácia da democracia, a questão dos direitos humanos, as noções de liberdades, a função social do Estado e sobretudo as disputas de autoridade por parte dos órgãos de poder seguiram a pauta. À todo este debate não podemos nos esquecer daquele que particularmente nos diz respeito: "existir e resistir no estado Necropolítico".
A pandemia, ao contrário de nivelar, veio escancarar aquilo que incansavelmente denunciamos: o racismo estrutural e estruturante, ou também denominado de racismo sistêmico, e se dúvida ainda houvesse, basta relembrarmos o caso do homem negro correndo preso algemado atrás da moto de um policial; ou mesmo o recente caso de uma delegada barrada em uma loja. Motivo? Ser negra. Isto para citar apenas alguns casos.
2021 nos lembrou ainda que a solidariedade humana não morreu, quer por meio de simples gestos de diversos grupos (anónimos e não só) que operam desde o início da pandemia quer no caso Bahia, no entanto o mesmo descaso de quem detêm o poder vigora. Caso para dizer que é nós por nós!
Vi que o modus operandi ocidental de segregação e estigmatização do Sul global continua firme e forte. Mais que repugnante! A nova variante deixou isso evidente com o fechamento da Europa para a África Ocidental.
Vi o presságio de "novos Galileus" diante dos crescentes negacionismos.
Vi que a via da ditadura não se configura na melhor gerência política pois tarde ou cedo a bajulação termina, e o navio afunda: Dos Santos e agora JLO que sirvam de exemplos, e tomara que 2022 traga a sua promessa feita no ano findo e que 2022 "alguém realmente goste".
Vi ainda que quando deseja-se por mudanças efetivas, elas realmente ocorrem. A depender da força de vontade do povo como um todo. Que aprendamos dos chilenos para 2022.
O novo ano começa, muito encanto, pouco conforto, pisa-se as trilhas de um caminho incerto, todavia otimistas das coisas por se fazerem nos restantes trezentos e sessenta e seis dias que doravante se inicia!
Sinais de esperanças têm sido levados a cabo, ou quando não, optamos em trazer à memória o que nos possa proporcionar esperança e desse modo esperançar.
A "banalização do mal" tem sido substituída pela "banalização do bem" a fim de que haja um real "amor mundi". E neles nos apegamos para que o mal não triunfe sobre o bem.
Enfim, que dois mil e vinte e dois se constitua na demarcação de uma vida nova e próspera para todos nós!
Ubuntu.
EMILIANO J. A. JOÃO
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