O TÃO ANUNCIADO ENREDO DE UM FIM TRAUMÁTICO NA REPÚBLICA DA BAJULÂNDIA!


Com a palavra "Sua Excelência, de Corpo Presente": 
“Estou morto, de olhos cerrados, mas percebo tudo (ou quase) do que acontece à minha volta. Sei, estou deitado dentro de um caixão, num salão cheio de flores, as quais, em vida, me fariam espirrar. As pessoas não sabem que flores de velório cheiram mal? Sabem, mas a tradição é mais forte e velório sem flores é para pobre. Ora, não somos pobres, dominamos uma nação" (Pepetela, 2018)
Não teria uma frase ou texto que melhor descreveria o cenário que vivemos na república da Bajulândia desde 2017 do que o romance de Pepetela intitulado "sua excelência, de corpo presente" (2018), a poesia artística imitando a realidade ou a realidade imitando a arte, deixo a critério de cada um, fato é, trata-se de alguém que conhecia muito bem sua matilha e isto por si só é significativo.
Nesta data tão significativa (quer para o bem quanto para o mal) da história angolana pensei em escrever um texto de pesar, mas o que fazer quando me pesam as palavras? Então melhor olhar menos no que se vai e, voltar - se mais para os que ficam. Afinal, já dizia Jesus, "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos".
Sim, o malogrado outrora arquiteto de tudo já se foi, para desespero de uns e alívio de outros - que o digam aqueles cujo "rabo" se encontrava preso nas profundezas dos segredos do Estado. 
Sim, Ele se vai e para trás ficam os traumas e pesadelos da longa noite vivida na "Selva de Betão", noite esta cujo amanhecer tarda a chegar, caso para dizer que saiu o "gato" e festejam as "ratazanas". No entanto, nada de novo na República da Bajulândia!
O "rei" outrora "bom" se foi antes mesmo de partir. E antes mesmo do "terrorista elegante" partir, as ratazanas desfizeram "a conjura" e "o passado ganhou asas" levando-nos para as velhas dissidências. 
Sim o "rei", outrora bom, viveu de corpo presente (ainda que numa medida desigual) as Lamentações de Kamolakamwe em sua "carta ao rei". 
De corpo presente contemplou como outros deturpavam seu "passado vendido" e novos "vendedores do passado" outrora seus clientes surgiam com novas narrativas como "se o passado não tivesse asas". Foi o início da decadência de um partido, partido. 
Portanto, queríamos nós que o "esquecimento" saísse da "teoria" de agualusa e banhasse todos nós enteados de quem nos governa, de maneira que neste dia lembrassemos de "sua excelência de corpo presente" e lhe déssemos o luto nacional merecido.
Falo em luto e na mente vem luta! A luta diária que foi e ainda é para os enteados da selva de Betão se manterem em pé sem perderem a pouca dignidade que lhes resta.
Mas acredito que não são contra os enteados que sua excelência de corpo presente está de cara feia, mas para os filhos criados com as melhores regalias mas que agora se tornaram em seu pior pesadelo.
Sim, a República da bajulandia criou homens mentirosos, egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes dos pais, ingratos, ímpios etc., que depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, de terem aumentado os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro e todos os seus bens, o seu coração tornou-se semelhante ao do criador, e como diria Frankenstein, contemplar os monstros criados por si mesmo, as vezes não é uma boa coisa de se enchergar. 
Contudo, disse que este texto não é pensando no que se foi, mas nos que ficam, sua excelência se foi mas tal como seu pseudônimo arquitetou para nós uma "selva de betão" recheada de "passados com Asas" ávidos por aperfeiçoamento do sistema. Sobre isso vale aqui resgatar novamente Pepetela (2018):
“Roubam uns mais que os anteriores e todos entre si, não dá para mudar, muito menos prometer mudanças radicais, enquanto não houver gente instruída de outra índole formada de outra maneira. Isso dizem os críticos, sempre bons a julgar os outros. No entanto, quem vai para o poder sempre acha ser capaz de fazer diferente. Para, tempos depois, lhe dar um tédio tremendo porque se vê a fazer o que observava no antecedente, sem nunca evitar as asneiras mil vezes repetidas”.
Portanto, que o fim trágico, melancólico, solitário de "sua excelência, de copro presente" sirva como prenúncio de todos aqueles que aspiram o poder na República da Bajulândia.
Quanto a nós, meros mortais, e filhos de camponeses, que esta data decretada de luto nacional seja um repensar em nossas aspirações, por um lugar na história da mama Angola. Isto é, caso queiramos impludir a República da bajulândia, mais do que ganhar o mundo inteiro e perder a alma, a gente precisa ser instruído de outra índole, formados de outra maneira e pensar o país pelo espírito coletivo: Ubuntu / Umuntu ! Só assim veremos o amor, a verdade, a justiça e a paz se encontrando, se abraçando e se beijando.

Por Emiliano Jamba

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