RAIO ESPERANÇOSO DE MUDANÇAS
Dois mil e dezassete ainda não terminou, mas se configura como um ano
significado na história do povo angolano, já que, ao fim de 38 anos sob a
governação de um único líder, Angola teria um novo presidente. Nesta reflexão
não se visa retratar as atrocidades do passado, nem dos feitos do passado, não
se pretende nem enaltecer, nem menosprezar. Para bem ou para o mal os feitos
falam por si, é só olhar para a realidade da estrutura social, cultural,
política e económica e tirar cada um a sua própria ilação.
Agradeceremos assim ao
ex-presidente pelo "ganho da paz", pelo governo de transição, pela
reconstrução da nação, pela colocação de Angola no senário político
internacional, etc. Porém nos ressentimos pela pobreza generalizada, pela falta
de diálogo/intolerância, pelo fardo da corrupção, pelos nepotismos, pelas
arbitrariedades sobre os mais fracos e improbidade/tolerância para com os mais
fortes, etc. Todavia, como se diz nos ditados populares "quem vive da
história é museu", "deixai os mortos enterrarem os seus mortos",
"vida que segue bola pra frente", "a frente é o caminho".
"Zêdú" é passado começa agora a era "JLo".
Falaremos, portanto, a respeito do novo presidente e da batata quente ou
fria que ele carregará: para algumas pessoas poucas mudanças ocorrerão, já que
se trata do mesmo e velho regime "MPLAISTA", contudo, para outros a
mudança é inevitável, pois é uma outra cabeça, outra pessoa, novos desafios, e
novas conjecturas angolanas.
Desta forma o fardo que agora o novo presidente carrega é uma moeda de
duas caras. Sua política, porém, se configura um tanto obscura já que não é
especificado, como sua excelência mesmo diz: "melhorar o que está bem e
corrigir o que está mal". A pergunta que não quer calar, porém é a
seguinte: o que é para sua excelência bem e o que é mal? Qual é o medo de dar
nome as coisas, chamar boi aos bois, galinha as galinhas, jumentos aos jumentos
e por aí em diante? Talvez porque os jumentos, os bois, e as galinhas podem vir
ficar ofendidos, ou talvez para proteger-se e não vir ser cobrado de nada, já
que ninguém pode ser cobrado daquilo que não prometeu.
A expressão "melhorar o que está bem e corrigir o que está
mal" é uma retórica que se coloca em cima do muro, muito evasiva,
intangível, subjetiva, engloba em sua significação tudo, como pode significar
nada. Ao final de seu mandato poderá simplesmente dizer: na sua ótica não
melhorei nem corrigir, mas na minha ou na de muitos outros cumpri o que
prometi. Seria diferente, por exemplo, se dissesse: melhorar a educação, a
saúde, o saneamento básico, erradicar a corrupção, os nepotismos, as
arbitrariedades, as impunidades, etc, mesmo que isso não seja garantia de que a
promessa seria cumprida. Em suma, na prática, é um discurso politicamente
correto, belo aos ouvidos quer de gregos ou troianos, ou angolanamente falando
"à Cabindesses ou kwanhamas". Todavia impossível de ser quantificado,
observado na prática. Faz-nos lembrar o discurso elaboro pelo seu predecessor
que se fundamentava no lema "produzir mais para distribuir melhor",
ao final das contas não podemos falar mal do "má Zé" ja que realmente
Angola produziu mais e inclusive distribuiu melhor só que distribuiu melhor
para as mesmas pessoas! Logo, cumpriu o que prometeu na campanha presidencial.
Em suas muitas palavras o ente detestável/amável Ex-PR.
"Zedú", por muito tempo, alegrou a muitos com suas palavras que para
muitos eram vãs. Ao passo que temos em "JLo" um lema pobre e que
pouco ou nada queira dizer "corrigir o que está mal e melhorar o que está
bem". Bem é sabido que vivemos em uma Angola onde as coisas nunca foram
arrumadas, a saúde nunca nos visitou, educação são fagulhas dos retratos que
buscamos no exterior, isso sem falar dos bens considerados básicos, mas que no
nosso país é um luxo (alimentação...). Mas, perante a este cenário mais que
despido aos olhos do mundo inteiro graças a barbaridade impunes dos que
deveriam vestir aquele lugar de honra (líderes), "JLo", tem vindo a
mostrar em pouco tempo certo trabalho. Já que, em tão pouco tempo tem colocado a
vista do povo angolano a vergonha de muitos líderes que até então viam -se
intocáveis. Todavia somos cientes de que não podemos ainda despir nossas
gargantas com gritos de Victoria perante atos feitos em dias, mas não devemos,
por outro lado, pôr-nos as cegas perante os raios esperançosos da mudança que
saúdam nossos olhos nesta nova governança.
Não fazemos ideia da razia em que o ente detestável/amável PR. Zedú
deixou o país, mas, pelo muito que se soltou aos ares, seria pedir demais e
estúpido que em tão poucos dias todos os corruptos e colaboradores da miséria
angolana fossem ou estivessem presos. Pois quando se chega em algum lugar novo
é necessário conhecer o lugar e armar estratégias a fim de aos poucos desfazer
as teias de aranhas existente.
Bem, entendemos que é muito cedo ainda para fazer prognósticos, ou juízo
a respeito das ações de sua Ex. JLO, porém eles valem por aquilo que são:
prognósticos. Ao ver as primeiras movimentações de sua Ex. JLO, observa-se que
têm sido ANIMADOR/ESPERANÇOSO. Pois pese embora ainda não estar resolvido
factos como a problemática da energia, água, saúde, desempregos, etc.
Observa-se, por outro lado, um outro fenômeno acontecendo que é o facto de cair
por terra a IMAGEM DE LÍDERES INTOCÁVEIS. "Sendo a queridinha do papai",
Isabel Dos Santos, a primeira piã á ser movida neste jogo político. É como a
travessia no deserto, podes ainda não ter visto o oásis, mas pelo simples fato
de saberes que ele existe e que se têm a possibilidade de beberes dele, isso já
te revigora as forças.
Assim, percebe-se que, nem tudo é má noticia, o mesmo discurso pode ser
visto de duas formas: Se por um lado protege as ações de sua excelência, por
outro lado, pode ser uma ferramenta para a ação dos cidadãos angolanos. Pois se
de alguma forma observarem não haver melhoria nem correção em QUALQUER dos
setores da sociedade angolana poderão demonstrar as suas insatisfações. Por
agora nos contentamos com as movimentações das cadeiras de governação, contudo
o povo espera muito mais: Desafiamos o nosso poder judiciário a movimentar-se
também, a fim de quebrar o ditado popular de ser as "leis para os pobres e
desgraçados" e a justiça ter "dois pesos e duas medidas".
Desta forma, queremos do fundo do coração ser otimistas com "os novos
ares" e acreditar nos "raios esperançosos de mudança que o nosso país
(angola) está atravessando, sem, no entanto, acreditar em MESSIAS nem em BODES
EXPIATÓRIOS da Nação. Pois ao nosso ver, a mudança em Angola só ocorrerá com a
colaboração de todos e isto faz-se de baixo para cima. Minha oração para 2018 e
os anos subsequentes é de que cada um daqueles que compõem o Estado/Nação
angolano não pense de si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação
de si mesmo fazendo-se tudo para com todos. Desta feita:
Que o executivo seja executivo;
Que o judiciário seja judiciário;
Que o legislativo seja legislativo;
e que o povo seja realmente o que é: Povo angolano no qual emana a
soberania da Nação, apoderando - se de seus direitos, deveres e garantias a fim
de exercer sua cidadania (dever) e exigir o que lhe é negado(direitos). Suku, a
sumuluinse, kwenda akale lo Ngola Yetu (Deus abençoe e esteja com a nossa
Angola).
BY EMILIANO JOÃO
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