ACABA DE NOS MATAR!

"ACABA DE NOS MATAR", é uma forma criativa que os angolanos encontraram de protestar por seus direitos. As fotos circulam nas redes sociais, onde os internautas utilizam objetos por cima do corpo e fingem-se de mortos. Todavia já vamos alertando: Não é obra do Diabo, como muitos "crentões" que não sujam o colarinho pelo reino afirmam; Não é fruto de insanidade, como muitos especialistas armados em falas mansas dizem; Não é um pedido para ser mártir, como os brutamontes acostumados a usar a força se referem. É contudo uma ação pensada, um exercício de cidadania um gesto que visa alertar as entidades políticas (gestores públicos e cidadãos no geral) sobre o período crítico em que a sociedade angolana atravessa.
O que para muitos parecia e parece um ato de loucura e imoralidade, define-se agora como um gesto de manifestação social. E esta foi a forma que encontramos de juntarmo-nos a esta corrente para reivindicar e manifestamo-nos pelos direitos dos irmãos angolanos residindo (por motivo de estudos) na diáspora em situações caótica! 

Há 4 anos que os estudantes angolanos fazem das tripas coração para poderem alcançar o sonho da sapiência. Como se não bastasse suportar a saudade de estar longe de casa, longe da família, longe dos amigos também descobririam que "o dinheiro é mais rancoroso que a mulher vigarizada que quando basa (vai) pode nunca voltar mais".
Tudo começou com um simples discurso presidencial de final de ano, onde nos era pedido "apertar os cintos" para o ano seguinte. Só não sabíamos para que viajem estaríamos partindo. Nem que este sinto estaria tão apertado ao ponto de danificar-nos. 
E desde então nos deparamos embarcando numa viajem sem volta da falência total da nação. A luta é tanta ao ponto de muitos caírem na impotência. A cegueira e incerteza diante de um futuro risonho, dá lugar a pesadelos intermináveis. A vivência reduzida a esmolas dita a pauta do mínimo de dignidade.
Quando não, a ética e a moral criam asas, a devassidão se torna no melhor caminho para alguns a medida que o tempo avança e com ele a despesa mensal atrasa. O desconforto na barriga te lembra de que tens feito apenas uma refeição por dia. O papel por de baixo da porta é sinal de que mais uma conta será acumulada para pagar ao final do dia.
São nessas horas que darias tudo para comprar o sono, mas descobre que até o sono, do pobre quer distancia. Pois prefere ceder lugar a "bendita" insónia.
Outros, entre o desespero e a impaciência caminham sem perder a esperança. Entre o suspiro e o sussurro transitam como um povo deixado a mercê da sorte do mundo.
Todos sabem do fato, contudo ninguém rompe o vicioso pacto, todos lastimam inertes, todavia ninguém consegue trazer um pouco de alívio e sossego aos batalhadores parentes.
Assim sendo, só nos resta juntar-nos a estas vozes de protesto e uníssonos dizer: Acabem de nos matar! vós sanguessugas que nos comem a carne juntamente com os ossos, conformam-se com os vossos palácios e sobre o futuro da nação não querem saber, fazem da constituição mero pedaço de papel e da população um espetáculo levado a matadouro diariamente.
Acabem de nos matar antes que nos tornemos aquilo que mais desprezamos. vocês! Façam isto enquanto é tempo, pois breve, muito breve, a liberdade chegará, a voz do oprimido soará como um trovão e poderá ser ouvida de uma extremidade a outra, a justiça dos injustiçados irradiará. Vossas velhas artilharias se tornarão desprezíveis, o temor cederá a coragem e se tornará na maior fortaleza dos angolanos.    

By EMILIANO J. A. JOÃO

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