Rap Crespo
Ainda na senda da negritude e apropriação cultural, aqui vai algumas líricas de quem sabe o que diz:
Letra - Rap Crespo
"Negra de carapinha dura
Não estraga o teu cabelo, me jura
Negra de carapinha dura
Não estraga o teu cabelo, me jura"
Vavô deixou, você vai cuidar
Vavô deixou o legado apresentar
Vavô deixou, você vai cuidar
Vavô deixou o legado apresentar
Cabelo crespo, sem patrão pra me mandar
Imagem não é competência, eu tenho a barba por cortar
Nah, nah, irmã, desfriso toda hora?
Identidade e consciência, negritude aqui vigora!
Não te pedi pra opinar, teu preconceito é agressor
Lá vens tu pra ensinar igual ao opressor
A Barbie é branca, tu és preta, deixa de sonhar
"Vavô deixou, você vai guardar"
Tanta curva num só corpo, Nietzsche vê Deus
Essa kindumba é peça d'arte, da Vinci em museus
Lábios cheios sem botox, tua beleza é natural
Teu traseiro é sem implante, concorrência desleal
Siga Fanon, resgata a tua história
Abraça Senghor, protege tua memória
Meu gimy é liberdade, tissagem é ditadura
Arranca esse postiço e deixa a carapinha dura
Negra de carapinha dura
Não estrague o teu cabelo, me jura
Ô negra de carapinha dura
Adoro o teu cabelo, miúda
Yo, já moro em meus pensamentos encarapinhados
Já soltei o crespo, já não estão acorrentados
E o recado que o cota deixou dizia assim:
"Não se adapte a um mundo que não se adapta a ti"
Não é só a pele, não é só o cabelo
É o batuque que mexe a alma, o kissange que arrepia o pelo
Os panos coloridos sobre a pele que me tem vestido
Têm despido de mim aquele ideal embutido
De negação e de como ser pra ser bonita
Fiquei mais bonita por ser daquelas que não acredita
Desprogramada quando mudei o canal
Me vi na minha buala e me senti mais real
Quem quer ser Miss? Ah, desliga essa televisão!
É muito fermento e dendém pra caber nesse padrão
Tem poder a carapinha, conta a história que é minha
Não alisa a coroa, ela mostra que és rainha
Meu cabelo é manifesto, inversão do contexto
(Inversão do contexto)
Honestamente detesto quem os chama de ruim
Pois pra mim ruim é quem te ensinou assim
Negra de carapinha dura
(São tantas tranças pra essa tua carapinha)
Não estrague o teu cabelo, me jura
(baidundo de mão, virada de linha)
Ô negra de carapinha dura
(São tantas tranças pra essa tua carapinha)
Adoro o teu cabelo, miúda
(baidundo de mão, virada de linha)
Nesse continente, prato vazio, fome cheia
que caminha descalço
Investimos não sei quantos mil milhões
somente em cabelo falso!
Deixa que a negritude ainda ginga com ou sem mbunga
Nós somos naturalmente lindas dos pés à kindumba
O mundo vai lucrando com a tua auto-dúvida
Gostares de ti é rebeldia!
É hora de destruir o imaginário colonial
Que estratifica e padroniza com o critério racial
É um fato que não somos iguais
Mas atenção: o antônimo de igual não é superior
Mas sim diferente.
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