PERPLEXOS, MAS NÃO DESANIMADOS!

Em tempos de eleições surgem no seio da sociedade, a ansiedade, o ódio e a perplexidade. É importante lembrar que tais sentimentos surgem mediante uma atitude de amor. Que gera uma preocupação com a coletividade e com cada um. Uma preocupação e comprometimento com a vida. Uma demonstração de amor pelo povo, uma sede e fome pela justiça, pela compaixão e pela mudança. Uma vez provado este amor, não nos resta alternativa a não ser nos entregarmos a ele para que não corramos o risco de sermos réus de nós mesmo. Assim, lutamos com a humanidade que temos, com aquilo que somos, com as forças que temos, com os companheiros que temos, no contexto em que estamos inseridos com valores, práticas, desvios característicos do mesmo, ou simplesmente não lutamos.
A outra alternativa bem mais atrativa, aliciante, no qual muitos tendem a caminhar se configura como a saída mais fácil. É conformar-se com a complexidade da vida, com os sistemas corruptos e corruptivos é fugir da realidade: cuidar da vida individualmente, fingir que a política não é importante, e que nada nos diz respeito desde que cada um faça sua parte individual. É o chamado " mal banal" ou seja nada tem haver comigo. É fundamental no processo de construção de uma mentalidade libertaria lidar com os contratempos e com os desvios. Aliás, faz parte do próprio processo de construção libertaria lidar com as nossas deficiências e a dos outros. O desafio é justamente esse, não é outro. 
O desafio é não nos tornamos naquilo que mais odiamos e repudiamos, é se engajar pacientemente na luta pelo que cremos, na construção de novas relações interpessoais. Os defeitos que vemos, sentimos, com os quais nos incomodamos, não são eternos, e muito menos intermináveis. São produtos de um mal estrutural que coroe e deforma toda uma sociedade inclusive nós mesmo que repudiamos, porém é temporário. Nas palavras de Paulo Freire esse processo de construção libertário é de "mãos duplas". Liberta quer o oprimido quanto o opressor.
Em nossas críticas, não devemos nos apressar em fazer diagnósticos precipitados. Devemos deste modo lembrar sempre, do contexto que vivemos, da complexidade desta problemática e nos inserirmos dentro dela, pois não estamos isentos a ela. Não é fácil. Não é simples. Aliás,  o mundo como o conhecemos jaz o maligno, e nele passamos por aflições (1 Jo 5:19; Jo 16:33). Contudo, Ele podemos sair vitoriosos sobre esse sistema degradante do mundo. Desde que tenhamos bom ânimo e sejamos persistentes. (Jo 16:33). Entre outros motivos, isso se configura ainda mais difícil se entendermos que a busca por novas práticas e valores nadam contra a corrente das práticas e valores existentes. E por mais que nos empenhamos na construção de novos valores cotidianamente, eles também são desconstruídos cotidianamente. Tem avanços, mas tem retrocessos. E aí, é preciso recomeçar.  
Recomeçar! talvez seja essa a palavra chave. Não há problema em cansar, irar-se e e até mesmo ficar perplexos com os desfechos. O que não podemos mesmo é desistir:  "renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano nem torcemos a palavra de Deus. O Deus deste mundo obscureceu a inteligência para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus...De todos os lados somos atribulados, mas não esmagados; postos em extremas dificuldades, ficamos perplexos, mas não vencidos pelos impasses; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos.(2 cor 4:2,8,9). A crueldade é própria deste sistema. Não há conversa, o que ele quer mesmo é que desistamos e nos entreguemos.
Assim, veremos muitos cederem,  não faltam exemplos de quem desanima e fica pelo caminho, cedendo aos caprichos deste sistemas tornando-se réus deles mesmos. São os tão chamados de "Bajús" conhecidos por todos nós nem adianta aqui nomear. "Muitos bem-intencionados, mas desestimulados com a fragilidade de quem se coloca para construir outro mundo e acaba reproduzindo-o. Seria fácil construir o novo, se o velho não penetrasse em nós e em nossas organizações. Mas penetra".
[inclusive no seio das instituições religiosas que seriam agentes de traanformacoes e vozes proféticas-denunciadores do mal] "...A solução é mais organização, mais firmeza ideológica, mais diálogo, mais crítica e autocrítica. Podemos nos surpreender ao fazer isso e acabar por descobrir que nós temos nos desviado também, até por omissão. (Frederico Santana Rick https://www.brasildefato.com.br/2017/07/28/artigo-or-cuidado-militante-principio-organizativo/?utm_source=bdf&utm_medium=referral&utm_campaign=facebook_share in 25/08/2017) Uma vez que quem não coopera com o bem coopera com o mal.
É preciso recarregar as baterias, desfazer as ataduras do jugo, desejar e se engajar, de todo coração, na construção de uma vida permeada pela solidariedade, pela vida em comunidade e pela coletividade. O Amor é o imperativo desta nova angola que se quer construir, só ele poderá proporcionar as tão sonhadas igualdades, liberdade e fraternidade. E que não desistamos; nem da luta, nem da humanidade. Que renovemos nosso compromisso com a causa que nos comprometemos. Isto é a cada abraço, em cada sorriso, em cada olhar, em cada aperto de mão, em cada gesto de generosidade e afetividade com os desafios que se colocam, mas certos de que são só isso, desafios. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês" (Mateus 5:4-12).    

                                                                                                                        por EMILIANO JAMBA


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