APLAUSOS E CANÇÕES
São pesadas as correntes que por muito carreguei esperando gritar
liberdade
Tive que comer minha carne e beber meu sangue para perceber o quão
faminto estava
Em teus braços, oh solidão!
Em teus braços agasalhei-me com tempestuosas promessas.
Vazei meus olhos tornando mais nítida a escuridão que me assombrava
Memória tenho para as inúmeras vezes em que contigo não caminhei
partilhando o sorriso de uma história que só dor me causou
Fui chacota deste romance, e de ti não me desfiz porque eternizei as migalhas
que sobravam do teu tão raro sorriso
Frenético, quis me libertar desta corrente que sempre esteve solta, mas
era mais forte a vontade de gemer de dor ao teu lado, que partir cantarolando
de alegria
Minhas asas cresciam e mostravam a liberdade, eu as escondia, e as
convencia da felicidade ao teu lado
Não foram poucas as vozes que de fora alumiavam uma nova história
Sempre sonolento escolhi acreditar nas promessas que nunca trocamos,
alimentei minha alma com o sangue que dos olhos gotejavam
Num profundo suspiro arranjaste dos meus pés esta corrente e destruíste
a prisão que sempre acolheu minha fraqueza
Em minhas mãos sobrescreveste um recomeço
Fui empurrado para fora do cativeiro e ao ver as cadeias da paz que
agora se abrem, sou tentado a não chorar por perceber que nunca fui seu refém.
Aplausos e canções são o tapete estendido por aqueles que de fora
esperavam por minha alforria.
Olhando para atrás já não enxergo às pisadas, se faz um vazio para
aquele lugar.
TELMA ALMEIDA
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