PÁSCOA COMO SINÓNIMO DE LIBERTAÇÃO!
Na época em que vivemos, no qual o
sistema estruturado tende a absorver tudo para si, colocando o fim na
manutenção exacerbada de si mesmo os símbolos, os significados, rituais
etc...perdem seus valores e o mesmo ocorre com a Páscoa relegada ao coelhinho,
aos ovinhos e várias outras formas de consumo.
Todavia, a páscoa para
os judeus e cristãos é a festa que faz a memória da passagem de Deus no Egito
para a libertação do povo. (Ex 12) é impossível entender esta data sem entender
o contexto todo que o circunda.
Era uma época em que os
reis impuseram sobre o povo judeu tributos elevadíssimos para os afligirem com
suas cargas, submetidos a tratamentos desumanos, olhados com desprezo, uma vida
amargada pela servidão "em barro e em tijolos, e com todo o
trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com
dureza". Êxodo 1:14 constantemente dizimados pelos assassinatos
orquestrados pelos poderosos etc. Diante de tudo é que o povo lembrou-se de seu Deus. "os filhos de Israel
suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por
causa de sua servidão". Êxodo 2:23
E disse o Senhor: tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está
no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque
conheci as suas dores.
Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir
daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao
lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do
jebuseu. E agora eis que o clamor
dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto a opressão com que os
egípcios os oprimem. (Êxodo 3:7-9)
Moises, porém, não
acreditava que a tão sonhada liberdade em fim chegara, pois, era como se Deus
não tivesse mais nome para o povo, uma vez que, se havia passado 400 anos de
uma vida reduzida a escravidão. E Moises numa forma de incredulidade busca
saber quem o estava mandando, e Deus prontamente responde: Estou que Estou
(ehejeh Asher ehejeh) curioso é saber que a mesma expressão é abreviada para o
misterioso nome de Deus YHWH cujo o seu significado é: ELE ESTÁ!
Conforme Mesters: "Na resposta Deus se dirige não a
dificuldade do povo, mas, sim, a falta de fé do próprio Moisés e reafirma: Certissimamente
estou com você! Disso você não pode duvidar!" (2013, p.180).
Contudo o raio de
esperança não se materializava na prática. Com uma expressão completamente
arrasadora, olhando para a vivência do seu povo, Moisés se sente desanimado,
angustiado. E em meio as nebulosas e tenebrosas dúvidas e perplexidades desaba
diante de Deus. E sua pergunta revela tudo que carregava no seu âmago: Senhor,
por que maltrataste a este povo? Afinal, por que me enviaste?
Desde que me dirigi ao
faraó para falar em teu nome, ele tem maltratado a este povo, e tu de modo
algum libertaste o teu povo" (Êxodo 5:22,23) A resposta de Deus não se fez
por tardia “Verás o que vou fazer ao faraó: forçado por uma mão poderosa, ele
os deixará partir; forçado por uma mão poderosa, ele os expulsará de sua
terra...Eu sou o Senhor" (Ex6.1-2).
É nesse contexto que
surge a Páscoa como uma expressão de amor no qual irá passar adiante de nós a
ira do Senhor e transbordar sua misericórdia para conosco, não por merecimento,
mas pelo simples facto de submetermo-nos a sua vontade, colocando-se debaixo do
sangue do cordeiro.
A mesma situação de
altos tributos, condições análogas a escravidão, opressões, assassinatos
orquestrados de inocentes etc... era vivenciada pelo povo a quando da vinda de
Jesus. E, novamente, o povo que andava na escuridão viu uma luz, e o suspiro da
liberdade deu seu ar de graça e novamente ELE ESTÁ: "porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se
chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o
trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com
justiça, desde agora e para sempre". (Isaías 9:6,7) E todos o viram,
alguns tiveram a curiosidade de pergunta-lo assim como Moisés a Deus: quem ele
era: Eu Sou (Jo 8:58) respondeu Jesus. João Irá dizer que ele é o verbo de Deus
aquele que era, aquele que está e aquele vem (João 1:1). O cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo.
Hoje muito dos
sofrimentos que a humanidade enfrenta é fruto dos desmandos e sistema
elaborados pelos "reis da terra, os magnatas, os capitães, os ricos e os
poderosos ” (Ap.6:15). E o povo escravizado, empobrecido arrebatados por um
sentimento de inércia, impotência e desamparo, atônitos, angustiados e
perplexos interrogam-se pela existência do supremo e por sua ação.
É dentro deste cenário
que a páscoa ganha sua relevância. Ela desta forma entendida tem por
significado a passagem da morte para a vida. A celebração do Emanuel no curso
da história humana. Aquele que é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. Aquele
que sacia os que têm sede por justiça e que concede de graça a fonte da água da
vida. Aquele que faz todas as coisas serem novas. E que prometeu a esses de que
será seu Deus, e eles serão seu filho. Pois Ele é aquele que "Era aquele
que É e aquele que Vem". Aquele que "está que está" o Deus JHWH,
presente em todo tempo ainda que assim não o pareça. A fim de transformar os
choros em sorrisos, a dor em força, a fraqueza em fé e sonho em realidade. (Sl
30.1-5)
Deste modo, a páscoa
representa a boa nova, carrega consigo a mensagem de libertação. "O nome
Javé afirma a presença libertadora de Deus. Exprime também o compromisso que
Deus assumiu consigo mesmo de estar sempre com o seu povo para liberta-lo, pois
ele declara solenemente" (Mesters 2013, p.180): este é o seu nome para
sempre e sobre este nome quero ser invocado de geração em geração"! (Ex3:15)
e Deus é fiel ao compromisso assumido! (Hb 10:23)
EMILIANO JAMBA ANTÓNIO JOÃO
EMILIANO JAMBA ANTÓNIO JOÃO
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