Demasiadamente humano e demasiadamente cristão.


Sou demasiadamente humano e ainda assim não deixo de ser cristão,
ao mesmo tempo sou demasiadamente cristão e ainda assim não deixo de ser humano.
Para alguns soa a contradição, para outros apenas uma fricção de palavras busando nelas sentido e de mim mesmo compreensão.

Para outros ainda, um antagonismo infinito, quem sabe ou saberá!?
Talvez seja apenas o início de uma epopéia.

Sou angolano,
sou cristão,
sou humano,
sou um pássaro viajante,
Como um sabiá vôo entoando aonde quer que passe o preço da liberdade,
Como um bem-te vi, digo-te que algures por aí te vi:
No olhar de uma criança,
Na correria de uma zungueira,
Na aflição de uma mãe sem janta nem leito,
Carregando o filho ao peito,
E no coração um aperto
A certeza da incerteza,
O abandono da resiliência,
A fuga da esperança,
A luta continuando e a vitória cada vez mais incerta,
E a possibilidade da vida cada vez mais escaça,
Todavia como uma guerreira vai a luta,
Embarcando nesta grande arena chamada Angola
E como uma caçadora vai a caça,
Visando dos meios achar oportunidade,
que habilite fazer do sucesso uma realidade não só para a realeza mas também para aqueles fustigados pelas mesmas pacassas de sempre.

Sou um pássaro andante que ganhou asas e para o sonho da diáspora se lançou, todavia mesmo após o almejado repouso, as asas não se detiveram, pelo contrário, lançaram-se  em um longo vôo gerada pela renovação da metanoia municiada pela sapiência e pela multidisciplinaridade que para cá nas bandas do pacífico encontrou.

Tal vôo é tão longo, tão longo  que nalgumas vezes amedronta meu  corpo, pois não sei se ele será capaz de acompanhar o alcance da longitude deste viajante moribundo que cavalga sem parar em uma velocidade da luz do conhecimento.

Sim, sou um moribundo, um ovimbundo, um ovambo, um ambundu, um bakongo, um herero, um ser qualquer que decidiu fazer residência neste vasto mundo, que embora distante, navega na vivência da sua gente bem como dos indigentes que beiram a morte na sua terra amada Angola.

Sou um cuanhama, um lunda, um luba, um baluba, um Nganguela, um mumuila, sou a mistura dos khoi e dos sãs, que com a mente sã se propõe repensar o que significa ser humano e com a caneta de um poeta dou vazão à raiva em formato de escrita, algumas vezes cheias de rimas que baralham ou amarram a imaginação do artista, outras vezes a emoção tira o vislumbre da concatenação. Porém cadenciadas ou não, o certo mesmo é descrever a vida e denunciar o ávido sonho roubado deste povo que etnólogos denominaram de bantu.

Sou um Nhaneca, um côkwe, um fiote, ou apenas mais um filhote parído algures por aí, sem eira nem beira, por uma rainha pilhada, saqueada, estuprada, reduzida a nada, contudo amada, que aos poucos vai se erguendo de sua realeza outrora perdida, juntando seus cacos, cobrindo sua nudez vai dando alegria e orgulho a seus filhos mais novos que não a conheceram em seu esplêndido poderio, e de apenas ouvir dizer não conseguiam cobrir as dúvidas  existências causada pela fome, guerra e morte, com o novo rumo que ela trilha seus filhinhos nativos e na diáspora, outrora deixados ao esquecimento vão aprendendo o significado de chamá-la mãe África.

By Emiliano Jamba Antonio João Café Quente único rapaz Afamado neste mundo mais sem dinheiro"

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