Rabiscos da memória

Rabiscos da memória

Decidi escrever!
Pensei em escrever, mas o que hei de escrever?
Vou falar do encanto da Natureza da grande criação, do segredo contado pelo vento aos ouvidos da virgem florestação que em sussurro conta-lhe o quanto ama passar pela formosura da sua impenetrável florestação, e vê-la-a gingar em um toque leve, fazer-lhe balançar ao ritmo da sua envolvente canção?
Vou escrever que queria ser como o João-de-barro esculpir meu castelo lá no alto e ser acordado com os primeiros raios do sorridente sol?
Escrever o quê? que como o beija-flor queria colher com meus lábios a excelência e doçura do ventre das flores, e me embriagar da alegria do seu embrião, inalar o perfume suave por elas produzidos ?
O que hei-de escrever?
Escrever o quanto sou sonhadora à cada passo que dou lanço sementes de esperança de que uma nova história está por vir, e sonho com um sol vivo e rejuvenescedor  mesmo tímida sei que dará seu sorriso depois da dor.
Que poderei eu escrever?
Direi que vejo no olhar de uma criança a grandeza de um Deus a excelência dos céus derramada em vasos frágeis mas seguros e que tornam-se fortes de uma forma irônica, pois a cada queda são fortalecidas suas estruturas, e em seu rosto está o retrato admirado até pela alma mais dura.?
Que posso eu escrever afinal?
Que ouço passos apressados em direção do invisível, socos em pontas de facas, almas aflitas, coração pela boca é contido, pois têm pressa, mas para onde vão tão altivos?
Respiração ofegante, alma cambaleante, não há tempo para sentir a fraqueza do motor que os dirige
Uau! Eles têm mesmo pressa.
Será que hei-de escrever sobre eles?
Da sua corrida onde o apito da largada aterroriza seus ouvidos e com olhos sonolentos correm não enxergando que entrelaçam duvidas sobre o destino?
O que vou escrever então?
Vou ser poeta de contos, serei moralista por gozo ou realista dos sonhos?
Vou criar frases encantadoras de histórias imaginárias lendas vividas por nenhum eruditos dos sábios, coisas que a alma sabe-se lá quem as viveu.?
Escrever com caneta marcar no papel, ou escrever na memoria onde ninguém pode ver.?
Acho que já sei o que escrever, afinal sei o que quero escrever e vou escrever.


(Telma Almeida)

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