SER OU NÃO SER! EIS A QUESTÃO!
O pior
crime da civilização aconteceu em um tempo remoto, porém suas consequências são
visíveis até hoje. Tal crime denomina-se escravidão. As consequências foram de tal maneira que a historia conta-se depois e ates deste evento. Alguém poderá perguntar porquê insistir neste discurso? Ou,
porque constantemente os pretos voltam a tocar no assunto da escravatura, racismo, preconceitos,
descriminação, etnocentrismo, etc. Não tem mais nada que fazer? Não tem mais
nada que pensar? A resposta talvez seja obvia, mas é a única possível.
Só
nascendo de novo saberás o que é ser, africano e Preto, só nascendo de novo saberás
o que significa ser considerado a “escoria da humanidade”, só nascendo de novo
saberás o olhar do desprezo, do medo, da pena, como se de deformidade se
tratasse. Só nascendo de novo saberás as consequências das piadas dos
“desgraçados” sem graça. só nascendo de novo saberás a concorrência desleal dos
mercados dos “civilizadores”, em que
para um preto adquirir algo, tem que se esforçar duas vezes mas que os
restantes, só nascendo de novo saberás o que é ser ser-humano e ser tratado
como animal, só nascendo de novo saberás o que é ver seus irmãos, pretos como
você, auto-negarem-se, como se fosse almas presas a um corpo querendo de
qualquer forma fugir para outro lugar que não seja este: “preto e Africano”.
Alias, pensamento este que teve de certa forma também contributo dos missionários. Gutto, cantor Angolano em um dos
seus refrãos retrata bem essa situação ao dizer:
Ser negro. É trocar o seu
orgulho pela sobrevivência, Para não ter o destino a beira da inexistência, É
ter trabalho nas obras McDonald’s e pouco mais, No fundo é sermos homens mas
tratados como animais, É ser o bote expiatório de todas a frustrações, É ser o
mau da fita em todas as televisões, É ser o contrario de puro e de bom ou de
imaculado. É sermos livres sem nunca ser alforriados. É ter a casa de madeira
em vez de ser de palha. É chegar a conclusão que o gueto é só mais uma sanzala.
Ser negro é ser o bandido, coitado, esfomeado. É ser importado, explorado e
depois extraditado. É fugir da sua pátria porque esta está em guerra. É todos
os dias ouvir “Preto vai p’ra tua terra” É ter o diploma, mas não ter o perfil
adequado. É ir a entrevista de emprego, mas o lugar já esta ocupado. É entrar
numa loja e ser olhado de lado. É ser catalogado e estereotipado (Gutto, Negro)
A
lavagem cerebral foi de tal forma que uma vez incutida essa rejeição do ser não conseguiram mais se entender como gente autónomas, por maior esforço que
se faça, pois foram ensinados desde criança que o conhecimento está do outro
lado do continente, e que não tem capacidade alguma, pois o máximo do que possuem é
esperteza e não inteligência. Força bruta e não habilidades alguma.
O que fazer para sanar este mal? "Negre-te" perdão, nege-se a ti mesmo e ande pelos princípios do reino. Na luta contra este mal a primeira coisa a fazer é andar na contramão deste sistema mau, é estar apto para carregar a cruz ou o peso da Justiça e lutar contra o preconceito e discriminação. É negrar-se na pele e no coração.
O que fazer para sanar este mal? "Negre-te" perdão, nege-se a ti mesmo e ande pelos princípios do reino. Na luta contra este mal a primeira coisa a fazer é andar na contramão deste sistema mau, é estar apto para carregar a cruz ou o peso da Justiça e lutar contra o preconceito e discriminação. É negrar-se na pele e no coração.
Após “negrares – te” a ti mesmo, então verás que o pior crime da civilização foi
ter condenado injustamente os pretos africanos a uma vida de remorso, de ódio
(de si mesmo, de seus irmãos e pelo local que foi nascido - África), de sua
autonegação, de subjugação e de sua inexistência.
Esse
foi o trabalho quer dos grupos de consciência Negra nos EUA, (pois varias
outras Áfricas negras foram implementadas pelo continente a fora sobe o mesmo
fardo), como pelos intelectuais africanos (sobretudo francófonos) cheios de um
espirito que não se conformava com o mal ou com qualquer que fosse sua aparência.
Eles eram orgulhosos de suas negritudes e africanidade e estavam desafiados a
convencer não só o mundo, sobre os valores culturais africanos, como a
convencer e instigar seus irmãos negro (a) s e africano (a) s a um
“renascimento” da fé em África no seu passado e no seu destino futuro. Questionavam
tanto o colonialismo como o missionarísmo cristão, trazendo a memoria dos seus
irmãos e irmãs sobre suas origens, seus potenciais, a sutileza, e beleza da cor
preta.
A
respeito disto Jhon Baur irá dizer “não só convenceram o mundo de que havia
valores culturais africanos, mas também instilaram nos seus irmãos e irmãs uma
nova fé em África, no seu passado e no seu destino futuro” (Baur John, 2014,
p.459)
A maioria
destes articuladores foram escritores africanos cristão leigos, destacando-se na
parte francófona, Léopold Senghor, e seus amigos, Aimé Cesaire e León Coutran
Damas, que na altura se encontravam estudando em Paris. Todos eles do movimento
Francófono La Negritude. (1930).
Após a
segunda guerra mundial seus intentos irão dar um salto, após contatos com
pessoas influentes como Alioune Diop, fundador da revista “Presence Africaine”
e com o poderoso advogado da mesma revista. Ja a africa anglofona irá ser
influenciada pelos movimentos afro-americano, consciência negra (black
consciounsness) com o seu famoso slogan Black is Beautiful (Negro é bonito). A
partir de 1960 em diante teve uma mudança significativa passaram a apoiar-se em
autores nigerianos como, Wole soyink (premio Nobel da Literatura), Chinua e
Achebe, e o keniano Ngugi Wa Thiog`o
Desde então
a luta pela valorização do Negro (a) continua, ninguém disse que seria fácil, pois
é uma luta epistemológica, uma luta de poder no qual lhes foi incutido que
nesta escola da vida não há espaço para o outro, para o diferente, o contraditório
nem mesmo para um ser humano. Porém como se diz na massa popular “vamo que
vamo" pois carruagem segue.
Assim só
resta dizer que nessa luta do SER OU NÃO SER Há que se Ser negro no corpo, mas também no coração afim de combater um bom combate.
( Emiliano Jamba )
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